Belmonte teve primeiro foral em 1199, dado por D. Sancho I, na sequência da necessidade de povoar este local fronteiriço, e logo de grande importância estratégica. A construção do castelo, depois integrado no senhorio do Bispo de Coimbra, e muito possivelmente edificado sobre fortificações pré-existentes, terá arrancado de imediato, erguendo-se a Torre de Menagem em finais do séc. XIII, quando a vila já era consideravelmente desenvolvida. Belmonte recebe Carta de Couto em 1387, e cerca de uma década mais tarde é nomeado o primeiro alcaide do castelo, Luís Álvares Cabral, antepassado de Pedro Álvares Cabral, que aí nasceu em c. 1467. Em 1510, é D. Manuel quem concede novo foral à vila. No entanto, o pelourinho de Belmonte seria de factura anterior, quatrocentista. Foi derrubado no século XIX, por ocasião da remodelação do largo onde se ergue, em 1885, e as peças que restavam, encontradas em 1975, foram remontadas em 1986, incluindo elementos feitos de novo.
Ergue-se sobre base moderna, datada da reconstrução, constituída por três degraus octogonais. Sobre estes destaca-se uma singela coluna em granito, lisa, composta por quatro tambores, sobre a qual assenta um alto cilindro, ao modo de capitel, ostentando numa das faces uma "tabuinha" com a representação de uma prensa de azeite. O pelourinho original seria muito semelhante ao de Trancoso, rematado por capitel no qual assenta uma pinha em gaiola, mas os restantes elementos não foram encontrados (Cristina NOGUEIRA, 2005).
A prensa aí representada é origem de uma lenda local, relatando como uma criança de Belmonte, filha de um dos alcaides (descendente de Luís Álvares Cabral), foi raptada e morta, num máquina semelhante, por inimigos que haviam cercado o castelo, visto seu pai se recusar a entregá-lo. Anda que a lenda careça de fundamento, parece aludir à verdadeira simbólica do instrumento, evocando a mitificada fidelidade dos Cabrais. A prensa figurava no brasão de D. Fernão Cabral, alcaide-mor de Belmonte, pai do navegador, e representava o rigor com o qual este desempenharia o seu cargo, administrando e aplicando justiça nas terras da Beira e Riba-Côa, e nas comarcas de Viseu e da Covilhã, à qual pertencia a vila. A prensa foi tomada como emblema do Concelho e apresentada em vários locais do burgo, tal como nas suas portas públicas e fontes (Cristina NOGUEIRA, 2005), restando apenas a figuração do pelourinho e uma outra, na Igreja de Santiago, onde está o panteão dos Cabrais, entre vários outros testemunhos da sua acção em Belmonte. SML
FOTO de Francisco Leitão
A pequena localidade de Meda, de muito remota origem, pertenceu a partir do século XI ao cenóbio beneditino que se erguia no local da actual Torre do Relógio, no sopé da colina do castelo. Em 1145, pertencia já à Ordem do Templo, e em 1319 passou para a Ordem de Cristo. Recebeu foral novo de D. Manuel, em 1519, no qual é referida como Vila de Meda e Comenda da Ordem de Cristo. O seu pelourinho, erguido junto da igreja matriz e do antigo celeiro da povoação (de construção tercentista, entretanto derrubado), ainda se conserva, embora com o remate mutilado, e havendo sofrido um restauro em finais do século XX.
O pelourinho levanta-se sobre soco de cinco degraus octogonais, de aresta, hoje parcialmente integrados numa escadaria de construção moderna. Os três degraus intermédios são resultado de uma intervenção de restauro, de resto evidente, e o inferior é mais rústico, destinado-se a vencer o desnível do terreno. A base da coluna é constituída por um plinto oitavado, monolítico. O fuste arranca de um pequeno troço inicial cúbico, em cujos vértices superiores assentam quatro peças decorativas contracurvadas, a partir das quais as arestas da coluna sofrem chanfradura, ganhando a secção octogonal. O capitel resume-se a uma singela moldura octogonal rebordante, servindo de tabuleiro, onde assenta o remate. Este era originalmente em gaiola, restando apenas o cesto inferior, em taça oitavada, faces lisas e rebordo plano.
A metade superior da gaiola foi destruída, supostamente na década de 40 do século XX, por um vendaval. Para melhor compreender a tipologia original do monumento, compare-se com os muitos exemplares de pelourinhos de gaiola do distrito da Guarda, como sejam os de Muxagata, Penedono, Aguiar da Beira, Marialva, Algodres, Aveloso, Almendra, Carapito, entre outros. Embora mutilado, o pelourinho é certamente de construção quinhentista, provavelmente subsequente ao foral manuelino.
Sílvia Leite
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FOTO de Albano Nascimento
Em 1269, o Mosteiro de São Pedro das Águias dá carta de aforamento à localidade então intitulada de Valença de São Pedro das Águias, ou do Mosteiro. O couto foi pertença dos Marqueses de Távora, entre o século XIV e o século XVIII. Recebeu foral novo de D. Manuel, em 1514, e manteve o seu estatuto concelhio até 1836, quando foi extinto e integrado em Tabuaço. Entre 1855 e 1895 esteve anexado a São João da Pesqueira, e nesse último ano retornou a Tabuaço, do qual é actual freguesia. Conserva o seu antigo pelourinho, levantado no pequeno largo diante do edifício oitocentista da Casa da Câmara e cadeia comarcã.
O pelourinho levanta-se sobre um soco de três degraus de planta circular, de aresta, e muito toscos, que assentam numa plataforma de nivelação do terreno. A coluna possui fuste de secção quadrada na base e no topo, e arestas chanfradas na maior parte da sua altura, de modo a tomar secção octogonal. O capitel é um bloco quadrangular, moldurado, encimado por tabuleiro saliente, bastante mutilado. O remate é em pirâmide quadrada de topo truncado, muito irregular.
A singela tipologia do pelourinho não permite uma datação precisa; o monumento será provavelmente quinhentista.
Sílvia Leite (GESPAR)
FOTO de Albano Nascimento
Em 1269, o Mosteiro de São Pedro das Águias dá carta de aforamento à localidade então intitulada de Valença de São Pedro das Águias, ou do Mosteiro. O couto foi pertença dos Marqueses de Távora, entre o século XIV e o século XVIII. Recebeu foral novo de D. Manuel, em 1514, e manteve o seu estatuto concelhio até 1836, quando foi extinto e integrado em Tabuaço. Entre 1855 e 1895 esteve anexado a São João da Pesqueira, e nesse último ano retornou a Tabuaço, do qual é actual freguesia. Conserva o seu antigo pelourinho, levantado no pequeno largo diante do edifício oitocentista da Casa da Câmara e cadeia comarcã.
O pelourinho levanta-se sobre um soco de três degraus de planta circular, de aresta, e muito toscos, que assentam numa plataforma de nivelação do terreno. A coluna possui fuste de secção quadrada na base e no topo, e arestas chanfradas na maior parte da sua altura, de modo a tomar secção octogonal. O capitel é um bloco quadrangular, moldurado, encimado por tabuleiro saliente, bastante mutilado. O remate é em pirâmide quadrada de topo truncado, muito irregular.
A singela tipologia do pelourinho não permite uma datação precisa; o monumento será provavelmente quinhentista.
Sílvia Leite (GESPAR)
FOTO de Albano Nascimento
A localidade de Muxagata, com referências tão antigas como o século X (em 960, uma Uacinata consta do testamento de D. Flâmula Rodrigues), é primeiramente designada como conselho no documento de extinção da Ordem do Templo, que havia recebido os territórios como doação de Fernão Mendes, senhor de Bragança, casado com uma irmã de D. Afonso Henriques. Pouco mais tarde, em 1328, as Inquirições Dionisinas voltam a referir o concelho, que pode ter recebido primeiro foral da recém-constituída Ordem de Cristo, herdeira dos bens dos Templários. Neste aspecto não estão de acordo os vários autores, que colocam ainda a hipótese do "foral velho" de Muxagata, assim referido no foral manuelino de 1519, ter sido outorgado por D. Afonso III (Mário Guedes REAL, 1952), ou de se tratar simplesmente de uma extensão dos privilégios do foral de Sernancelhe (este de 1124), concedida já em 1357 por D. Afonso IV (Manuel Gonçalves da COSTA, 1982). Certa é apenas a outorga do Foral Novo, por D. Manuel, na data anteriormente citada, que antecederá em pouco tempo a edificação do actual pelourinho.
Este ergue-se num largo muito central, empedrado e com bastante inclinação, onde também se situa a antiga Casa da Câmara, Tribunal e Cadeia da Comarca. O soco, semi-embebido no pavimento desnivelado, é formado por sete degraus poligonais (oitavados), sendo apenas quatro destes visíveis na cota mais alta. Apenas os três degraus superiores possuem rebordo (curvo), sendo os restantes de factura mais singela, e o último muito rústico, sendo provável que tivesse estado totalmente enterrado. A coluna, oitavada e de faces lisas, assenta directamente sobre os degraus, embora o fuste possua um chanfro, ao modo de base, na parte inferior. Sustenta um capitel oitavado com remate em gaiola, integrando um colunelo central liso como suporte da cobertura, e oito colunelos de secção circular, também lisos, assentes em mísulas compostas, em torno do capitel, rematados por pequenos pináculos torneados. A cobertura da gaiola, piramidal, é encimada por uma esfera armilar com haste em ferro, esta última já moderna.
O remate em gaiola, visível igualmente em outros pelourinhos da região (Trancoso, Almendra, Vilar Maior, Catelo Rodrigo e Fornos de Algodres, entre outros), é particularmente curioso por reproduzir a "gaiola" medieval onde se encerrariam os condenados em exposição pública, prática que em Portugal se supõe rara; este tipo de pelourinhos conserva, no entanto, a evocação deste forte símbolo da aplicação da justiça municipal. SML(IPPAR)
FOTO de Milita
A povoação de Castelo Rodrigo, desenvolvida sobre um antigo castro romanizado, foi inicialmente povoada por Fernando II de Leão, a partir de 1161. Alguns anos mais tarde, D. Afonso IX atribuiu foral ao concelho, o primeiro a existir em Riba Côa. Foi conquistada, ainda ao domínio muçulmano, por D. Afonso Henriques, em 1170, ano em que é fundado o convento de Santa Maria de Aguiar; mas a praça é novamente perdida pouco depois. Reconquistada definitivamente por D. Sancho I, só passa a ser reconhecida como território português após o Tratado de Alcanizes, assinado em 12 de Setembro de 1297. D. Manuel mandou reedificar o castelo dionisino em 1500, e concedeu foral novo à vila em 1508, datando deste período a construção do actual pelourinho, que constitui um testemunho artístico ainda mais interessante quando cotejado com as várias janelas do período manuelino que ornam a vizinha Rua da Cadeia.
Levanta-se junto à Igreja Matriz da povoação, sendo composto por um soco de quatro degraus octogonais, muito rústicos, sobre o qual se ergue o conjunto da coluna e remate. A coluna é de fuste octogonal com base quadrangular talhada no mesmo bloco, e chanfrada nos ângulos superiores, talhe que se repete no topo. Sobre a coluna está directamente colocado o remate, em gaiola, separado do fuste por uma única moldura saliente, oitavada e torsa. A gaiola, de planta oitavada, é composta por oito colunelos torsos sobre pequenas mísulas, rematados por anéis triplos e pináculos torsos. É coroada por chapéu cónico liso e de topo truncado, encaixado entre os pináculos dos colunelos.
Na região, são de destacar os pelourinhos de Vilar Maior e Alemendra, entre outros, pela semelhança tipológica. SML ( IPAAR)
FOTO de Milita
Pelourinho quinhentista de granito, remontando, provavelmente, ao século XVIII, situado na Praça do Município. Tem um fuste quadrangular decorado, sustentado por quatro degraus. Os bordos superiores do capitel são ornados por cordões.Trata-se de um pelourinho de tabuleiro,profusamente decorado, com quatro pináculos rematados pela esfera armilar e por uma flor-de-lis.
FOTO de J. Pereira
Pelourinho quinhentista de granito, remontando, provavelmente, ao século XVIII, situado na Praça do Município. Tem um fuste quadrangular decorado, sustentado por quatro degraus. Os bordos superiores do capitel são ornados por cordões.Trata-se de um pelourinho de tabuleiro,profusamente decorado, com quatro pináculos rematados pela esfera armilar e por uma flor-de-lis.
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