FOTO de Albano Nascimento
A honra de Cerva foi concedida por D. Dinis a um seu filho ilegítimo, D. Afonso Sanches, em 1313. Teve vários senhores ao longo da sua história, tendo recebido foral manuelino em data incerta, provavemente entre 1513 e 1517. O foral apontado por alguns autores, datado de 1514, é na verdade o de Mondim. O concelho foi extinto em 1853, e integrado em Ribeira de Pena, mas a freguesia conserva ainda o seu pelourinho, construído em 1617.
O pelourinho assenta sobre um único degrau quadrangular, de aresta, de pequenas dimensões. A coluna tem base cúbica, encimada por bocel e estreita moldura circular; na base, ou plinto, pode ler-se a inscrição 1.6.1.7 A.N.O.S. O fuste tem secção octogonal, conseguida através do ligeiro chanfro das arestas de um pilar quadrangular. Não existe capitel. A base do remate é um grande peça quadrangular e saliente, fazendo as vezes de ábaco, que após marcado estrangulamento volta a alargar-se para formar uma pirâmide de secção quadrada.
O pelourinho foi originalmente erguido junto dos antigos Paços do Concelho, tendo sido depois transferido para o largo do mercado. Estava desmontado em 1951. Os seus elementos, então dispersos, foram reunidos por iniciativa da Junta de Freguesia local, e finalmente remontados em 1952 no local actual, diante do solar setecentista denominado Casa de Paço Vedro, com cuja arquitectura se harmoniza.
Sílvia Leite ( IPPAR )
FOTO de JP Nascimento
Localizada numa região que assumiu acrescida importância ao tempo da Reconquista, Mesão Frio possui no seu termo vestígios arqueológicos que demonstram a presença de comunidades humanas durante, pelo menos, a Proto-história, como evidencia o povoado de altura erguido na Idade do Ferro, conhecido por "Castro de Cidadelhe", numa zona particularmente fértil em razão dos cursos de água que a atravessam.
Foi, sem dúvida, a existência dos recursos cinegéticos essenciais à sedentariação de diferentes grupos que contribui para a formação paulatina de Mesão Frio, em zona de particular interesse e disputa histórica mantida durante os períodos romano e suevo, desempenhando papel de não somenos relevância em pleno processo de cristianização.
Quanto a S. Nicolau, como parte de Mesão Frio, ela surge, e do que foi possível apurar até ao momento, apenas em meados do século XI, quando Fernando I (1016-1065), o 'Magno', ou o 'Grande', rei de Castela, de Leão e da Galiza., mandou inventariar todos os sítios pertencentes à Diocese de Lamego (submetida à metrópole bracarense), entretanto libertada do domínio árabe. E seria este um dos lugares a integrar a herança de Henrique de Borgonha (c. 1057-1112), Conde de Portugal, quando, em 1093, contraiu matrimónio com a Infanta D. Teresa (1080-1130), filha de D. Afonso VI (1039-1109), rei de Castela.
Foi, contudo, D. Afonso Henriques (1109-1185) que lhe conferiu foral, em 1152, confirmado ao tempo de D. Afonso II (1185-1223), em 1217, devendo a D. Manuel I (1469-1521) a obtenção de novo documento, decorria o ano de 1513.
Das estruturas erguidas no seu solo ao longo dos tempos, destaca-se o pelourinho, situado no centro da povoação.
Talhado numa das matérias-primas mais abundantes na região - granito -, o pelourinho é formado por plataforma composta de três degraus octogonais, como octogonal é a base sobre a qual assenta directamente o fuste cilíndrico (com dois estrangulamentos bastante acentuados) da coluna, cujo capitel configura anel saliente encimado por bloco cilíndrico suportando tabuleiro quadrangular lavrado no topo, de entre os quais arrancam quatro elementos férreos de imagética zoomórfica.
[AMartins] ( IPPAR )
FOTO de JPNascimento
A antiga honra de Ovelha integrava a localidade medieval de Santa Maria de Bobadela, depois conhecida como Ovelha do Marão, ou Ovelhinha, hoje constituindo a freguesia de Aboadela. Foi uma das poucas beetrias do reino. Teve foral dado por D. Sancho I, em 1196, e foral novo de D. Manuel, em 1514. Conserva ainda um pelourinho, muito singelo, seguramente posterior à outorga de foral manuelino, ainda que de datação incerta.
O pelourinho levanta-se num pequeno largo da freguesia, sobre plataforma de quatro (ou cinco) degraus quadrangulares, toscamente aparelhados, que ficam abaixo da cota do caminho empedrado à beira do qual se situam. A coluna é composta por grossa base circular e fuste cilíndrico e liso. Este é rematado por capitel constituído por uma peça tronco-cilíndrica, encimada por ábaco em tabuleiro, formado por três molduras quadradas crescentes. No topo assenta uma pirâmide de secção quadrangular, de bom tamanho. A singeleza do conjunto não permite datação muito rigorosa, mas é provável que se trate de um pelourinho seiscentista.
Sílvia Leite ( IPPAR )
FOTO de JPNascimento
Embora não se conheça foral atribuído à povoação de Tabuaço, integrada no muito antigo Couto de Leomil, esta teve estatuto de concelho provavelmente desde o século XV. O mesmo terá acontecido com outras dez pequenas localidades vizinhas, que em 1855 e 1895 foram constituídas como freguesias do actual Concelho de Tabuaço. A primeira referência ao concelho medieval data já de 1527, considerando-se habitualmente que o pelourinho classificado foi erguido em data próxima, de acordo com a sua tipologia. Em 1916, este estava implantado no antigo Largo da Fonte, junto ao lavadouro público (Luís de FREITAS, 1916, p. 16), existindo ainda fotos da época que o comprovam, mostrando o fuste erguido sobre um tosco paralelepípedo onde assentava a base, não se vendo vestígios do soco. Alguns anos mais tarde, em 1934, o presidente da Comissão Administrativa de Tabuaço refere que este se encontra desmontado, estando então parte dele no largo do mercado. As peças que se encontravam junto ao lavadouro no início do século haviam-se perdido por estes anos, quando o Largo da Fonte foi remodelado, e o fragmento que esteve no largo do mercado acabou por ficar nas mãos de um particular. Porém, a Câmara possuía fotografias do monumento que permitiram a sua reconstrução, feita em 2001, e na qual não foi possível integrar a peça original.
Através de fotografia, sabemos que o pelourinho quinhentista assentava num soco de três degraus quadrangulares, sendo composto por base, coluna e capitel / remate. A base constava de um plinto encimado por uma peça paralelepipédica com barriga no terço inferior. A coluna era relativamente curta, lisa e oitavada, com um lavrado saliente, seja carranca, garra ou motivo vegetalista, em quatro faces alternadas, na base do fuste. O capitel era formado por um prisma oitavado pouco mais largo que o fuste, enquadrado por duas molduras oitavadas. Aparentemente, era coroado por uma pirâmide muito curta. Numa das faces do capitel via-se um diminuto escudo de Portugal.
A reconstrução, que não se encontra classificada, segue com considerável rigor a tipologia do monumento original, embora não inclua o pormenor dos lavores da base. Ergue-se num recanto do jardim fronteiro ao edifício dos Paços do Concelho de Tabuaço, conhecido como Praceta dos Pelourinhos, assim chamada por estar a reconstituição rodeada de painéis de azulejo com figurações de outros pelourinhos do concelho. SML ( IPPAR )
FOTO de JP Nascimento
O couto de Pallatiollo (palacete), ou Paçô, existia já em 1152, sob jurisdição do Bispo de Lamego. Foi doado por D. Afonso Henriques, ainda Infante, aos irmãos Mem e Egas Moniz, sendo este último o seu antigo aio. Teve desde então vários senhores, chegando a pertencer aos cónegos de Vila Boa do Bispo, de Marco de Canaveses. Embora não se lhe conheça foral, o Cadastro da População do Reino de 1527 já o indica como concelho. Foi extinto em 1834, e incorporado em Leomil; por extinção desde último, em 1855, ambos foram finalmente integrados em Moimenta da Beira. A freguesia conserva um velho pelourinho, atestando da sua anterior autonomia.
O pelourinho ergue-se sobre um grande afloramento granítico, em posição destacada, mas que cauza alguma estranheza. A plataforma consta de um único degrau quadrangular, de aresta, no qual assenta directamente a coluna. Esta tem fuste de secção quadrada na base e no topo, com arestas chanfradas na maior parte da sua altura, de forma a tomar a secção oitavada. Não existe capitel. O remate é constituído por um bloco com base talhada em tabuleiro quadrangular saliente, encimado por quatro colunelos cantonais, em redor de uma pirâmide quadrada de topo truncado e arredondado. Cada colunelo é rematado por um pequena esfera. Todos os elementos são lisos, à excepção de uma das faces da pirâmide do remate, onde se podem ver as armas do reino, na versão anterior à reforma de D. João II, de 1495 (ou seja, com os escudetes laterais deitados).
O pelourinho é muito singelo, e da factura algo rude, sendo possível encontrar outros monumentos com a mesma tipologia entre os séculos XV e XVII. As armas régias são de facto a única indicação cronológica de que dispomos. Estas terras foram doadas por D. Afonso V a Gonçalo Pinto, em 1465, sendo provável que a construção do pelourinho date de então, provavelmente na sequência de carta de foral dada pelo seu novo donatário.
Sílvia Leite ( IPPAR )
FOTO de Albano Nascimento
A povoação de Soutelo foi, na Idade Média, parte integrante do senhorio do Cabido da Sé de Lamego, que lhe deu primeiro foral no século XIV, na pessoa do Bispo D. Paio Furtado. Em finais da centúria, o concelho pertencia já à Coroa. Teve foral novo manuelino, outorgado em 1514. O município foi extinto em 1830, e integrado em São João da Pesqueira, do qual é actual freguesia. Conserva ainda o seu pelourinho, levantado no pequeno largo que tomou o seu nome.
O pelourinho assenta numa plataforma de quatro degraus quadrangulares, de parapeito boleado, bastante desgastados. O degraus superior, de dimensões reduzidas, assume a feição de plinto da coluna. Esta possui fuste que arranca de base cúbica, com os topos chanfrados, seguindo num troço octogonal e liso com cerca de 50 cm de altura, que a partir daí diminui de secção e se eleva para constituir o fuste propriamente dito. É encimada por capitel quadrangular, formado por molduras sobrepostas, com as arestas ligeiramente chanfradas. O remate é composto por um bloco cúbico saliente, com colunelos fusiformes nas esquinas, e faces decoradas com largos relevos gravados. Os motivos representados são dois florões quadrifoliados, em faces contíguas, uma meia esfera armilar, e um escudo de armas nacional. Este bloco é finalmente sobrepujado por um pináculo quadrangular com as arestas chanfradas, rematado por pequena moldura circular rebordante, e uma meia esfera.
O monumento terá sido construído na sequência do foral manuelino, como atesta a presença da esfera armilar, emblema pessoal de D. Manuel, conjugada com o escudo das quinas. Merece ainda destaque a (tímida) presença dos colunelos cantonais do bloco de remate, compondo ferroneries de feição italianizante.
Sílvia Leite ( IPPAR )
FOTO de Albano Nascimento
A povoação de Água Revés remonta provavelmente ao século XIII, uma vez que a parrochia de S. Bartolomeu de Águas-Reveis está já instituída nesta centúria, sendo a sua igreja matriz posteriormente referida num arrolamento de 1320-1321. É provável que tenha tido um foral mais antigo, embora o único documento conhecido seja aquele outorgado por D. Manuel, em 1519, garantido a Água Revés a posição de sede de concelho até 1836. Os donatários da vila eram, desde c. 1340, os Senhores de Murça, título ocupado, à data do foral manuelino, por D. Simão Guedes. Presentemente, Água Revés é uma pequena aldeia de Valpaços, em cujo acervo monumental se destaca o pelourinho, evocação da perdida autonomia administrativa.
O pelourinho ergue-se no largo do mesmo nome, junto ao antigo edifício dos Paços do Concelho. É constituído por um soco de dois degraus quadrangulares, de parapeito, sobre o qual assenta o conjunto da base, fuste e remate, em granito. A base resume-se a um largo tabuleiro quadrangular, da mesma altura dos degraus, e de factura tosca. Sobre esta levanta-se o fuste, cilíndrico e liso, com cerca de três metros de altura, onde assenta directamente o remate. Consta este de um tronco de pirâmide de topo truncado, com cercadura recta nas faces.
Este pelourinho constitui ainda hoje um ponto de encontro da população, o que explica o acentuado desgaste da base, frequentemente usada como banco. SML ( IPPAR )
FOTO de Albano Nascimento
Gouvães recebeu primeira carta de aforamento de D. Sancho I, em 1202, e foral de D. Afonso III, em 1256, confirmado e ampliado no ano seguinte. Ao contrário de tantas localidades no país, não teve foral novo manuelino. Porém, conservou o seu estatuto concelhio, até ser integrado em Provosende, e finalmente em Sabrosa (1855). Teve pelourinho, destruído em 1874, por um temporal, e imediatamente reconstruído, conservando-se até hoje.
O pelourinho levanta-se no largo do mesmo nome, em local central da povoação. Assenta num soco de dois degraus quadrados, de aresta, encimados por um grande plinto quadrangular, de arestas afeiçoadas, no qual se encaixa a coluna. Esta possui fuste cilíndrico e liso, suportando capitel dórico, com ábaco ou tabuleiro quadrado, saliente. O remate, de dimensões exageradas em relação à coluna, é uma gaiola quadrada, constituída por quatro grossos colunelos cantonais de perfil ligeiramente côncavo. A cobertura é novamente em tabuleiro quadrado, sustentando finalmente um grande pináculo, de base bojuda e peça terminal em ponta de seta piramidal. Na base da gaiola está incisa a data de 1722, que poderá corresponder à construção primitiva do monumento.
Sílvia Leite (IPPAR)
FOTO de Albano Nascimento
O primeiro foral de Freixiel datará de 1112, tendo sido outorgado por D. Sancho Fernandes, prior da Ordem do Hospital, a cujo senhorio pertencia então a localidade. Teve foral novo de D. Manuel, em 1515. O concelho foi extinto em 1836, e integrado em Vila Flor, do qual é actual freguesia. Conserva um pelourinho, certamente erguido na sequência do foral manuelino, e situado num largo da povoação.
O pelourinho assenta numa plataforma de quatro degraus quadrangulares de aresta, o térreo parcialmente embebido no terreno, com desnível muito acentuado. O degrau superior serve de base à coluna. Esta tem secção quadrada, que se torna oitavada através do chanframento das arestas a curta distância do arranque, fazendo-se a transição através de diminutas molduras cantonais duplas. O fuste é composto por dois troços unidos por anel rebordante octogonal, sendo o primeiro troço, com cerca de um terço da altura total, de secção ligeiramente superior. No topo destacam-se novamente quatro pequenas saliências cantonais. O capitel é quadrangular, antecedido por duas molduras crescentes. Possui arestas ligeiramente chanfradas, e faces côncavas, ornadas com florões. O remate é constituído por um bloco com a mesma secção do capitel, que parece prolongar. Nas faces ostenta decoração heráldica, quase inteiramente ilegível, à excepção de um escudo nacional apontado, com bordadura de castelos, compondo o tipo mais habitual no reinado de D. Manuel. A peça terminal é uma pirâmide de secção quadrada, alongada, com moldura quadrangular intermédia e coroada por pequena pinha.
Trata-se de um pelourinho manuelino bastante tradicional, em cujo remate terão sido talvez destruídos os restantes elementos heráldicos, que poderiam incluir uma esfera armilar, e ainda simbólica concelhia.
Sílvia Leite (IPPAR)
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